segunda-feira, 25 de junho de 2012

Aplausos: Para Débora Falabella e Marcello Novaes, pelas sequências em que Nina salva Max de ser preso por não pagar a conta de um hotel, em Avenida Brasil. Destaque para a cena final em que a mocinha-vilã caminha em direção ao golpista de modo bastante sugestivo.

Vaias: Para Malhação, que há dois dias seguidos se arrasta por uma festa junina interminável. Ainda que algumas modificações tenham sido feitas com o propósito de conferir agilidade à dinâmica da trama, acompanhar a novela adolescente é um martírio.

domingo, 24 de junho de 2012

Pannis et Circenses

Uma trilha incidental aqui, um jogo de câmeras ali e rapidamente o telespectador é enredado por uma sutil e funesta maquinaria: assim é Avenida Brasil. Acompanhando a novela de João Emanuel Carneiro, não é difícil notar incontáveis contradições que não se escondem a um olhar mais atento. Depois de alguns meses de novela,  o autor mostra que tem, ajudado pelos competentíssimos Ricardo Waddington e Amora Mautner, a capacidade de jogar conforme os anseios da grande audiência. Em outras palavras, o que se vê no horário das nove é uma espécie de showmício: investe-se nos fogos de artifício para mascarar a falta de conteúdo. Nisso, ganchos "falsos" são lançados diariamente na tela, ataques histéricos e falas engraçadas permeiam as atitudes da vilã, closes na enigmática e sorrateira mocinha ocupam grande parte das cenas. Difícil mesmo é achar um sentido para isso tudo.


Em que pese a extrema habilidade de Carneiro em criar um eficiente circo em volta de uma história que parece se repetir para ganhar novos fôlegos, Avenida Brasil deixa escapar as suas feridas. Nina, a protagonista que prometeu ser estrategista e calculista, já demonstrou em inúmeras oportunidades que não tem a menor ideia de como proceder para comprometer a sua arqui-inimiga, a vilã Carminha. Pelo contrário, as atitudes da mocinha se mostram, a todo instante, sem sentido, precipitadas e reflexo de um temperamento constantemente perturbado a atabalhoado. Diante de tantas inconsistências, a personagem perde o seu porquê e sua empatia. Em uma cena dos primeiros capítulos da novela, a menina salva, utilizando de seus ardis de bela jovem comovida, Max de ser espancado por um homem em uma briga de trânsito. A atitude, por sinal, pouco se justificou ao longo da trama, dando a impressão, neste sentido, de ter sido escrita, exclusivamente, para criar um clímax vazio, um gancho sem nenhuma relevância para as pretensões de Nina, muito menos para a trama central que sustenta o enredo do folhetim. Seus atos desencontrados, a propósito, tornaram-se mais frequentes e foram reproduzidos em muitas outras oportunidades. Ao que parece, até a heroína não sabe qual é o seu plano de ação. Pior do que isso, tal plano de ação parece não existir nem mesmo para o tão festejado João Emanuel Carneiro. E, assim, o show ganha forma: o objetivo é desviar a atenção de quem assiste para uma espécie espetáculo oco. A história, por sua vez, não interessa ou ao menos ganha o devido acabamento. Nisso, brotam inconsistências de toda ordem.


Nas tramas paralelas, esses problemas se repetem com ainda mais força. Suellen, personagem de Isis Valverde, é o exemplo mais emblemático dessa sistemática. A "piriguete" do subúrbio é a típica coadjuvante do universo carneiriano: vem do nada, vai para lugar nenhum. Como um quadro de um humorístico de gosto duvidoso, Suellen pode ser reajustada, modificada e até excluída conforme as novas exigências do show. Existe para ser um mico de circo, uma distração que não necessita ser minimamente fundamentada. Diante do sucesso, a moça ganhou a história de vida que lhe faltava: uma boliviana vítima do tráfico de pessoas que sofre com a iminente ameaça de deportação. Um conto escrito às pressas e cheio de gambiarras que se revelam mesmo a alguém menos atento: a falta de sotaque da moçoila, a imprecisão quando à possibilidade de ser deportada (uma vez que, como filha de uma brasileira, ela já possui cidadania brasileira), a ingenuidade de alguém que demonstrou, ao longo da novela, uma esperteza característica. Seguindo a onda, o autor já promete o casamento entre Suellen e Roni (Daniel Rocha), criado inicialmente para ser um homossexual não assumido. A homossexualidade de Roni, inclusive, foi supostamente "insinuada" partindo de rótulos estereotipados e extremamente rasos: o gay é vaidoso, não gosta de futebol e tem um ótimo gosto para roupas. Ainda assim, Roniquito nasceu em um contexto apartado do percurso de Suellen. No entanto, em uma lógica em que o espetáculo importa mais do que o próprio propósito do que é contado, tudo pode ser mudado, reconfigurado e até repetido. E, por isso, João Emanuel Carneiro não se furta de reprisar o mesmo argumento usado na relação entre Orlandinho (Iran Malfitano) e Maria do Céu (Deborah Secco), em A Favorita. Argumento problemático, vale dizer, visto que parte do pressuposto do gay convertido, usado de toda sorte por esquetes que tratam questões como gênero e sexualidade com uma superficialidade assustadora.

Mas o que interessa é o espetáculo, não é mesmo? Criar emoção, suspense e tensão, ainda que sem nenhum planejamento. 

Aplausos: Para o Esquenta especial de festa junina, programa comandado por Regina Casé. Com bastante leveza e descontração, a atração cumpriu a sua função de fazer um contato mais próximo com o Brasil interiorano. Destaque para a participação do elenco de Cheias de Charme, que demonstrou alegria e simpatia.

Vaias: Para Fábio Porchat, que faz parte do elenco fixo da "Família Esquenta". Cumprindo o papel de humorista da atração, suas intervenções são quase sempre chatas e não têm a mínima graça. Destoa da atmosfera do resto do programa.

sábado, 23 de junho de 2012

Aplausos: Para Cláudia Abreu, a cada dia mais arrasadora com sua Chayene. A antagonista de Cheias de Charme vem rendendo os momentos mais engraçados da excepcional novela das sete. Cacau, que parece muito à vontade em um papel completamente diferente daquilo de tudo que já interpretou, está conseguindo construir a melhor atuação da atual conjuntura da TV brasileira. Grande atriz.

Vaias: Para Maurício Destri, o Kiko de Malhação. Que ele era ruim, nós já tínhamos percebido em seu apagado desempenho em Cordel Encantado. Em seu personagem na novelinha global, porém, ele vem se superando no jeito canastrão e na caricatura de péssimo gosto. Horrendo.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Aplausos: Para Leona Cavalli e Humberto Martins, a Zarolha e o Nacib, respectivamente, de Gabriela. Ambos estão em personagens que fogem bastante ao conceito literário, mas ainda assim vem encantando com suas atuações. Ela, que interpreta uma Zarolha menos abusada do que a original, dá muita humanidade e simpatia à personagem. Não há quem não se comova com suas lutas. Já ele, que acabou sendo escalado para fazer um turco que é mais baiano do que qualquer outra coisa (um erro grande da direção, vale salientar), ainda assim compôs um tipo carismático e muito convincente.

Vaias: Para a incoerência de Nina, personagem de Débora Falabella, em Avenida Brasil. Em um momento, ela parece pretender frustrar os planos de Max (Marcello Novaes) de assaltar a casa de Tufão (Murilo Benício), ligando o alarme da mansão e dificultando a vida do mau caráter. Logo em seguida, entretanto, a mocinha da história toma uma atitude completamente inversa e oferece ajuda ao comparsa do malandro, que fugia depois do alarme ter disparado, oferecendo o seu quartinho como esconderijo. Só duas coisas podem explicar tamanha incoerência: Ou Nina tem algum tipo de psicose ou perversão ainda não revelada ao público, elemento que deixa as suas ações, à primeira vista, confusas e contraditórias; ou a lógica realmente escapa à cabeça de João Emanuel Carneiro, evidenciando, nesse caso, que o autor tem como preocupação principal apenas gerar atmosferas de extrema tensão, sem contudo construir uma cadeia com o mínimo de sentido. Uma espécie de show man sem conteúdo.

Aplausos: Para duas cenas de novelas diferentes: Na primeira, em Avenida Brasil, Tufão, apaixonado por Nina, escreve um pequeno roteiro na própria mão, objetivando conduzir um diálogo de modo "natural". Atitude bonitinha e típica dos apaixonados. Murilo Benício, aliás, está a cada dia melhor. Na segunda, em Cheias de Charme, Chayene recebe uma ligação de um jornalista e comenta o desempenho de Ivete Sangalo, a Maria Machadão de Gabriela. Na mesma cena, a rainha do eletroforró relata que também foi chamada para a novela das onze, mas para interpretar a personagem-título. Impagável. Cláudia Abreu é uma grande candidata aos prêmios de atriz do ano.

Vaias: Para a gritaria e gestos epiléticos que tomaram conta de Carminha, personagem de Adriana Esteves, em Avenida Brasil. Que Adriana está arrebentando, todo mundo já sabe. Por vezes, porém, ela pega pesado demais.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Aplausos: Para Cheias de Charme, atração que a cada dia se consolida como uma das maiores novelas dos últimos anos. Ao contrário de Fina Estampa e Avenida Brasil (que só vale, no fim das contas, pela trama principal), a equipe da novela das sete consegue mostrar, com grande competência, que é possível tratar de temas populares com extrema qualidade. Uma desconstrução de mitos e preconceitos da própria televisão.

Vaias: Para o A Tarde é Sua, comandado por Sônia Abrão. Cinco minutos são suficientes para perceber que o programa  da Rede TV se tornou uma espécie de jornaleco policial de quinta categoria, tratando casos criminais de repercussão nacional com sensacionalismo e superficialidade. Irrita também a presença de "especialistas" anacrônicos, rasos e ultrapassados - como um psicólogo e um criminalista -, que colaboram com a atmosfera de roda de fofoca que toma conta da produção. Uma baixaria.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Aplausos: Para o Profissão Repórter, jornalístico comandado por Caco Barcelos. No programa de ontem, uma equipe de jovens repórteres demonstrou, com sutileza, o modo pelo qual a Justiça brasileira se comporta em relação às desigualdades sociais. Nas entrelinhas, ficou a impressão de que o judiciário é todo pensado com vistas a favorecer aqueles que têm dinheiro. Para a população mais pobre, em contrapartida, resta a falta de interesse, a inquisição violenta e o pré-julgamento. Destaque para a maneira truculenta e despreparada utilizada pelo Ministério Público para inquirir uma infratora semi-analfabeta de 19 anos. Parabéns à equipe.

Vaias: Para a classe C de Avenida Brasil, extremamente estereotipada e cansativa. Em um campo de trabalho com tantas possibilidades (vide Cheias de Charme), João Emanuel Carneiro preferiu construir um subúrbio completamente idealizado e que beira o ridículo, sem se importar minimamente com as pluralidades e contradições que essa nova realidade social apresenta. O Divino, bairro fictício da Zona Norte carioca, mais parece um delírio de um jovem autor que nunca saiu da Zona Sul. Uma besteira.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Nos cabelos de Gabriela

Depois de dois capítulos de Gabriela, a adaptação de Walcyr Carrasco à célebre obra de Jorge Amado parece ter cumprido as expectativas que a maioria tinha em relação à produção. No entanto, tais expectativas nem de longe eram muito grandiosas. Desde a chamada, já era esperado que o estilo didático e farsesco do autor de Chocolate com Pimenta desse as caras, mais cedo ou mais tarde, na nova novela das onze. 

A marca de Walcyr, por mais que não tenha aparecido nas boas cenas iniciais envolvendo o Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), não demorou muito a aflorar. Logo no primeiro bloco, fomos apresentados a um Bataclan luxuoso e afrancesado, completamente diferente do contexto histórico e literário. No bordel, brotaram diálogos recheados de gracismos e infantilidades tão próprias ao modo carrasquiano de chamar a audiência. Nesse contexto, Zarolha, embora corretamente interpretada por Leona Cavalli, tornou-se uma moça ingênua, idiotizada e sonhadora demais, personagem muito aquém da personalidade que a tradição consagrou para a mais importante prostituta do time de Maria Machadão (Ivete Sangalo). Esta, por sinal, foi transformada em uma espécie de show girl meio requintada, algo completamente risível e fora da realidade da Ilhéus do início do Século XX. E, aos poucos, as tintas do dramaturgo se estenderam a outros núcleos, desde as carolas vigilantes da moral ao casal meio pastelão formado por Tonico Bastos (Marcelo Serrado) e sua esposa. 

Em um núcleo tão cheio de caricatura, algo impensável em se tratando de uma versão para um romance de um escritor que primava, justamente, por seu realismo, não é de se espantar que as interpretações mais comprometedoras aparecessem. Ivete Sangalo, por exemplo, não apresentou o menor timing de cena e desperdiçou todas as suas oportunidades levianamente. Ironicamente, seu sotaque baiano foi o mais artificial possível, o mesmo acento fake utilizado pela Rede Globo, que precisa urgentemente descobrir que o Nordeste é múltiplo e plural. Já Marcelo Serrado, que desde a Record atua de maneira extremamente exagerada, preferiu construir um tipo que parece saído de um humorístico de quinta, destes que vão ao ar no sábado à noite, destruindo qualquer traço da essência do astuto e sedutor mulherengo presente no mundo de Jorge Amado. 

Mas a adaptação ganha certo fôlego nas cenas em que Gabriela cede espaço ao aspecto mais real e perpassa, ainda que superficialmente, a conjuntura da sociedade baiana da época. O Coronel Ramiro Bastos, que parece ser, até aqui, a volta de Antonio Fagundes a suas melhores interpretações, foi muito bem-conduzido nestes dois primeiros capítulos. Destaque para a primeira sequência da novela, onde os coronéis da cidade tomam posse, à força, das terras da região. Também chamou a atenção a cena em que Sinhazinha (Maitê Proença), de modo sofrido e contorcido, tem relações sexuais com seu bronco e repugnante marido, Coronel Jesuíno Mendonça, vivido de modo primoroso por José Wilker. Porém, Gabriela também derrapou em sua parte de realidade. Dificilmente a saga inicial da menina brejeira comoveu algum telespectador. A personagem-título mostrou-se, mesmo em situações de extrema adversidade, alheia à qualquer dificuldade, sempre estampando um sorriso no rosto. Característica que mitigou todo o sofrimento e comiseração que aquele início deveria, em tese, causar.

Quanto à direção em geral, não há muito a dizer. Os figurinos, dentro da proposta de Walcyr Carrasco, estão impecáveis, assim como cenários, edição e posicionamento de atores. Um leve excesso do uso de filtro pesou em certas ocasiões, mas nada que comprometesse a bela fotografia da equipe encabeçada por Roberto Talma e Mauro Mendonça Filho. Se as sequências de sexo foram polêmicas em O Astro, em Gabriela, a dupla de diretores parece ter optado por um caminho mais poético e sutil, mesmo nas aparições da sensual Juliana Paes. Sobre Juliana, a propósito, não há muito a dizer, pelo menos por enquanto. Seu desempenho é ainda um enigma. Tem força em certos momentos, mas, em outros, a adolescente brejeira se perde em meio ao comportamento excessivamente lânguido que a atriz imprime em quase todos os seus papeis. Resta esperar.

No frigir dos ovos, há pouco que justifique a atual versão de Gabriela. Pouco original, pouco fiel e pouco interessante. Para o telespectador, contudo, a novela cumpre sua função de entreter. Muita cor, muita sensualidade, muito daquilo do que é tacitamente bem-recebido pelos telespectadores. Não é de se espantar, inclusive, que a adaptação caia no gosto do público. Afinal, ainda que Walcyr Carrasco não seja muito criativo, ele é um gênio das grandes audiências. Um autor eficiente comercialmente e entendiante artisticamente. Ao que parece, Adamo Angel morreu com Walter Avancini.
Aplausos: Hoje os aplausos vão para duas atrizes de novelas diferentes. Primeiramente, para Isabelle Drummond, por conta das cenas em que Cida é constantemente humilhada no casamento de Conrado (Jonatas Faro) e Isadora (Giselle Batista). A menina, que já cativou a maior parte do público com a história da gata borralheira, mostra segurança e bastante empatia, fator fundamental para uma carreira na TV. Embora ainda jovem, Isabelle não vacila e aproveita muito bem todas as potencialidades de sua protagonista. Em segundo lugar, o blog aplaude Heloísa Périssé, a Monalisa de Avenida Brasil. A atriz, que ganhou, ao longo dos anos, o estigma de comediante, finalmente consegue convencer, com extrema competência, em um papel dramático.

Vaias: Para a cena em que Suellen é deixada nua na frente de todo o Divino, em Avenida Brasil. Cena machista, descabida, apelativa e de extremo mau gosto. Por momentos, a novela das nove parece carecer de um parâmetro de sensatez. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aplausos: Para Alexandra Richter e Tato Gabus Mendes, o casal Sarmento de Cheias de Charme. Vivendo um par extremamente oportunista e trambiqueiro, a dupla vem apresentando uma incontestável química em suas cenas. Richter está perfeita na pele da perua entojada, enquanto que Tato parece ter nascido para o papel de advogado arrogante. Nota dez.

Vaias: Para Ivete Sangalo e Marcelo Serrado, a Maria Machadão e o Tonico Bastos, respectivamente, de Gabriela. Ivete é divertida, carismática e um ícone da nova música brasileira, mas definitivamente não convence como atriz. Mesmo sendo baiana, precisou aderir ao sotaque fake inventado pela Rede Globo para interpretar de um modo razoável. E fez feio. Já Serrado, que é extremamente over desde os seus papeis "malvadões" na TV Record, compôs um cafajeste meio desancado, nem sombra do mulherengo sedutor vivido por Fúlvio Stefanini (muito menos da personagem literária). De chorar. Para compensar, o blog posta uma cena corriqueira do Bataclan da primeira versão:


domingo, 17 de junho de 2012

Top 5: As Melhores Cenas de Cláudia Abreu


Posição 5 - Em Que Rei Sou Eu?, Juliette choca o reino ao usar uma minissaia.  



Posição 4 - A inesquecível cena final de Barriga de Aluguel



Posição 3 - Laura dança triunfante em Celebridade



Posição 2 - Em Celebridade, Laura apanha de Maria Clara (Malu Mader)



Posição 1 - Em Anos Rebeldes, o assassinato de Heloísa 


sábado, 16 de junho de 2012

Aplausos: Para mais um capítulo de Cheias de Charme, que contagiou o telespectador com diversos acontecimentos. Destaque para a dobradinha entre Chayene (Cláudia Abreu) e Socorro (Titina Medeiros), que está a cada dia melhor. Também vale menção as cenas em que Sidney (Daniel Dantas) sonha com o ex-namorado vivido por Guilherme Winter. A cena foi bonita, sensível e tratou a homossexualidade de forma poética, saindo um pouco da caricatura que vemos com frequência no horário nobre. Por fim, palmas para a sequência em que Cida (Isabelle Drummond) vai à balada com Elano (Humberto Carrão) e acaba encontrando Conrado (Jonatas Faro) e Isadora (Gisele Batista). A trama de Cida repercute bastante nas redes sociais e já é um grande sucesso. Todos torcem pela gata borralheira.

Vaias: Para João Henrique Gago, o Valdo de Avenida Brasil. Péssimo em cena, o ator sempre compromete as sequências em que participa. Sua atuação chega a ser constrangedora.

Agora é que são Elas

2012 chega à sua metade e uma coisa já pode ser dita: o ano está repleto de excelentes atrizes escaladas em papéis muito marcantes. Se em tempos recentes, atrizes do quilate de Lília Cabral e Glória Pires tiveram seu talento restringido por personagens não muito fortes, o mesmo não pode ser dito dos meses atuais. Profissionais da mais absoluta grandeza interpretam, cada uma à sua maneira, tipos densos, marcantes ou engraçados.



Logo às sete da noite, somos convidados pelas Empreguetes, vividas pelas ótimas Taís Araújo, Isabelle Drummond e Leandra Leal, a embarcar em um universo colorido, folclórico e cheio da melhor diversidade. Penha, Cida e Rosário já caíram nas graças do público da melhor maneira possível. Um show e atuação a cada cena, grandes interpretações em uma novela que já é, de longe, a melhor do ano. 

E o que dizer da impagável Chayene de Cláudia Abreu? Que Cacau está entre as melhores atrizes da sua geração, todo mundo já sabia. Só não sabíamos que Abreu fosse capaz de encarar a comédia com tanta naturalidade e competência. Com uma composição propositalmente caricata, a atriz conseguiu construir uma das melhores personagens dos últimos anos. O texto ajuda, é claro. A partir de tiradas mais que cômicas e esquetes recheadas de um humor de ótima qualidade, Chayene acontece e cai na boca do povo. Vale mencionar também as suas dobradinhas com os excelentes Luiz Henrique Nogueira e Titina Medeiros, outra que está se consagrando na novela das sete.

Mas não dá para terminar este comentário sem citar duas atrizes que vem segurando com maturidade a  densa trama central de Avenida Brasil: Débora Falabella e Adriana Esteves. A primeira, em um papel extremamente difícil e consistente, consegue passar toda inquietação de sua personagem. Nina precisa demonstrar um ódio contido e na medida, traço que se perderia em uma atuação mais caricata. Trabalho impecável de uma atriz que já tem bastante experiência no cinema e no teatro. Já Adriana, dona de uma das maiores histórias dentro do mundo da TV, tem tudo para se consagrar como a atriz do ano. Carminha é a extrema antagonista da mocinha introvertida: é abusada, solar, rasgada. E Esteves encara o desafio com uma maestria impressionante. Adriana encarna a vilã histérica de forma sensacional e arrebatadora. 
Aplausos: Para o Estrelas deste sábado, comandado por Angélica, uma das apresentadoras mais competentes do país. A atração se dividiu em três momentos: Um encontro muito especial entre os amigos Cláudia Raia e Jorge Fernando, uma receita refinada feita por Letícia Persiles e uma conversa descontraída com Fátima Bernardes em sua própria casa. Uma ótima pauta.

Vaias: Para Jô Soares, que apresenta um talk show diário nas madrugadas da Rede Globo. Cada vez mais egocêntrico e arrogante, Jô Soares chega a constranger boa parte de seus convidados com sua ânsia de aparecer mais que o entrevistado. Pedante, chato e pretenso piadista.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Aplausos: Para as cenas de cumplicidade entre Tufão (Murilo Benício) e Jorginho (Cauã Reymond), em Avenida Brasil. Com a relação entre os dois, a novela levanta uma questão importante: laços de sangue não são necessários para estabelecer uma ligação afetuosa e intensa de filiação. O critério sócio-afetivo é muito mais importante do que o mero fator biológico.

Vaias: Para Gisele Itié, a Manu de Máscaras. A novela já sofre com um texto pedante e hermético, e ainda tem que lidar com o péssimo desempenho de Gisele, que vive uma personagem de grande importância. Muita beleza para pouco talento.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Aplausos: Para o capítulo dessa quinta-feira, dia 14/06/2012, de Cheias de Charme. Embalado pelo show das Empreguetes e pelas ótimas cenas entre Chayene e Socorro, a novela das sete veiculou um dos melhores capítulos já exibidos nos últimos anos. Parabéns a Izabel de Oliveira, Filipe Miguez, Ricardo Linhares, Denise Saraceni, Carlos Araújo, Taís Araújo, Isabelle Drummond, Leandra Leal, Cláudia Abreu, Titina Medeiros, Ricardo Tozzi e a todos os responsáveis por esse grande episódio.

Vaias: Para o Video Show, programa exibido nas tardes da Rede Globo. A atração, que já foi um dos pontos fortes da grade da emissora, vem sofrendo com seu formato saturado e com a falta de carisma de seus apresentadores. André Marques não tem a menor empatia com o público e Ana Furtado não dá conta de conduzir o barco sozinha. Bruno de Luca, que comanda o Video Show sazonalmente, consegue ser ainda pior. Saudades dos tempos de Miguel Falabella.

Top 5: As Melhores Cenas de Regina Duarte

Uma das maiores atrizes de todos os tempos, Regina Duarte é um símbolo da TV brasileira. Em homenagem a essa grande atriz, o blog separou cinco cenas emblemáticas de sua carreira:

Posição 5 - Clô Hayalla, de O Astro, é a assassina de Salomão




Posição 4 - Helena (Por Amor) revela a Atílio sobre a troca dos bebês




Posição 3 - Simone (Selva de Pedra) é desmascarada



Posição 2 - Em Roque Santeiro, Porcina decide ficar com Sinhozinho Malta (Lima Duarte)




Posição 1 - Em Vale Tudo, Raquel (Regina Duarte) invade o casamento de Maria de Fátima (Glória Pires)


Aplausos: Para Malu Galli, atriz já aplaudida pelo blog e que merece uma nova menção. Nos últimos capítulos, Malu se destacou ao ver sua personagem envolvida em diversos conflitos com o filho e com o patrão. Lygia, de Cheias de Charme, já é um dos papéis mais importantes de sua carreira. E ela vem aproveitando a oportunidade muito bem.

Vaias: Saindo um pouco da teledramaturgia, o blog vaia a cobertura feita pela Band dos jogos da Eurocopa. Com um time de comentaristas amador formado por ex-jogadores decadentes e destemperados, a transmissão da emissora paulistana acaba descambando para um circo de horrores desprovido de qualquer credibilidade. Denílson e Neto são os mais irritantes.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Aplausos: Para Miguel Roncato, o Samuel de Cheias de Charme. O ator, embora ainda muito jovem, consegue demonstrar versatilidade ao encarnar o adolescente mau caráter, abandonando o estigma de bom moço de personagens anteriores. 

Vaias: Para Fernanda Young, que participou de modo infeliz do Saturday Night Live. Em um quadro que retratou de modo deturpado a Marcha das Vadias, a atração demonstrou um extremo desconhecimento e uma gama de preconceitos em relação à causa do movimento. Fernanda, que sempre foi irritantemente histriônica, fez muito bem o papel de palhaça da vez.
Aplausos: Para Tainá Müller e Luiz Henrique Nogueira, que interpretam Liara e Laércio, respectivamente, em Cheias de Charme. A primeira, que entrou na novela recentemente, vem sendo muito bem defendida por uma interpretação carismática da promissora atriz. O romance entre Liara e Rodinei (Jayme Matarazzo), inclusive, promete ser um dos pontos fortes da trama. Já Luiz Henrique, que interpreta o fiel escudeiro da tresloucada Chayene (Cláudia Abreu), rende bons momentos ao lado de sua patroa. Personagem ideal para um ator de talento indiscutível.

Vaias: Para o Pânico, programa que vai ao ar nos domingos da Band. Cada vez mais apelativo e sensacionalista, a atração é adepta de um humor extremamente grotesco. A audiência do humorístico só reflete o gosto de uma geração que prima por uma comédia que se baseia numa banalidade pseudo-crítica (ou acrítica, em muitos casos) e boçal. 

domingo, 10 de junho de 2012

Aplausos: Para a trilha sonora de Amor, Eterno Amor. Ainda que a novela enfrente problemas para cair nas graças da crítica, há um aspecto desse folhetim que deve ser louvado: a trilha sonora. Contando com nomes como Johnny Cash, Marisa Monte, Lia Sophia e Bread, as músicas da coletânea parecem se adaptar perfeitamente ao contexto das personagens que embalam. Ótimo trabalho.

Vaias: Para a tesoura imperdoável da Record, que resolveu mutilar Vidas Opostas por conta da baixa audiência. Embora a estratégia tenha sido de certa maneira necessária, um mínimo de respeito com o telespectador mais assíduo precisava ter sido tutelado, de modo a manter a coerência do folhetim. Não foi o que aconteceu.

Top 5: Elas Se Jogaram

Posição 5 - Ângela Vidal (Cláudia Raia) se joga no vão do shopping de Torre de Babel:



Posição 4 - Em Vale Tudo, Maria de Fátima (Glória Pires) se joga das escadas do Teatro Municipal:




Posição 3 - Em Da Cor do Pecado, Bárbara (Giovanna Antonelli) se joga em um penhasco:



Posição 2 - Em Senhora do Destino, Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) se joga em uma represa no Nordeste:



Posição 1 - Em Rainha da Sucata, o inesquecível suicídio de Laurinha Figueroa (Glória Menezes):

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aplausos: Para Murilo Benício, o Tufão de Avenida Brasil. O personagem, que começou a novela meio morno, ganhou destaque nos últimos capítulos, dando a Murilo a oportunidade de mostrar o seu talento. Um ator de composição, mas que sabe, ao mesmo tempo, explorar gestos e expressões que se destacam nas nuances do texto.

Vaias: Para Luiza Tomé, a Geraldine de Máscaras. A atriz, da maneira mais anti-profissional possível, andou expondo sua insatisfação com Lauro César Muniz, autor da novela, em diversas redes sociais. De modo extremamente indelicado, Luiza reclamou do pouco destaque dado à sua personagem. Em uma produção que já sofre de problemas graves, essa atitude só vem para desagregar. Profissionalismo zero.
Aplausos: Para os ganchos dos finais de capítulo de Avenida Brasil. Ainda que o blog tenha criticado as diversas imprecisões do roteiro, é preciso reconhecer que a direção da novela e o texto do autor conseguem manter, nas cenas que encerram os episódios, um alto nível de tensão e agilidade.

Vaias: Para Jayme Matarazzo, o Rodinei de Cheias de Charme. Embora o ator tenha bastante carisma, ele se mostra verde na maioria das cenas de que participa. Em certos momentos, ele diz o texto de maneira muito didática. Falta um pouco de experiência à promessa global.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Aplausos: Para Cláudia Abreu, a Chayene de Cheias de Charme. Dona de uma carreira consolidada, Cacau vem se reinventando na pele da alucinada cantora de música brega.

Vaias: Para Cauã Reymond, o Jorginho de Avenida Brasil. O ator, que parece ser queridinho de João Emanuel Carneiro, comprometeu a emocionante sequência em que Jorginho descobre que Carminha é sua mãe. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Eles não gostam de fazer novela

Entre as estrelas brasileiras, há uma classe de atores que se destaca por um fato curioso. Na contrapartida de seus colegas de profissão, esses artistas não têm muito apreço pelo formato das telenovelas. Alguns pelo ritmo industrial; outros, assim como Paulo Autran, por conta da dedicação ao teatro ou ao cinema. O blog separou dez exemplos emblemáticos da conjuntura atual:

- Wagner Moura: Ele é inteligente, charmoso e excelente ator. No entanto, prefere se dedicar ao cinema, que já lhe rendeu, inclusive, papel em Hollywood. 



- Fernanda Torres: Ela é descolada, já ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes e tem destaque em seriados cômicos. Eternizou Vani, a protagonista tresloucada da série Os Normais. Depois de interpretar a Simone, de Selva de Pedra, declarou que detesta fazer novela.



- Andréa Beltrão: Colega de cena de Fernanda Torres, Andréa é outra que prefere se dedicar a projetos menos industriais.



- Selton Mello: Ele é simpático, piadista e responsável por compor tipos hilários. Embora tenha surgido no contexto das novelas, Selton prefere mesmo é fazer cinema.



- Malu Mader: Linda, morena e radical, Malu Mader é bissexta na televisão. Com um dos rostos mais bonitos das últimas décadas, a atriz prefere fazer uma novela a cada 4 anos.



- Ana Paula Arósio: Arósio é lindíssima e dona de um famoso par de olhos azuis. Há alguns anos, Ana Paula já demonstrava que não tinha muita afeição ao mundo das novelas. Antes de abandonar Insensato Coração, a atriz já havia recusado vários papéis.



- Cláudia Abreu: Já há muito tempo, Cláudia Abreu é reconhecida como uma das melhores atrizes de sua geração. Não se sabe se por conta dos filhos pequenos ou se pelo mesmo motivo de Malu Mader, Cacau é outra que já recusou uma grande quantidade de papéis.


- Eduardo Moscovis: Du Moscovis surgiu em Mulheres de Areia e em pouco tempo já estava em um seleto rol de galãs. Ultimamente, porém, prefere o teatro e o cinema.


- Luana Piovani: Linda, loira e dona de um temperamento difícil, Luana frequentemente declina de convites para participar de telenovelas.


- Vivianne Pasmanter: Depois de surgir com a vilã arrebatadora de Felicidade, Vivianne entrou para a memória de muita gente. Nos últimos anos, entretanto, preferiu se dedicar à vida pessoal.




Aplausos: Para Bruna Griphao, a Paloma de Avenida Brasil. Em um núcleo que ganhou relevância nas últimas semanas, a menina se destacou em meio a feras como Carolina Ferraz e Débora Bloch.

Vaias: Para o roteiro pouquíssimo coerente em que Jorginho descobre que Carminha é sua mãe, em Avenida Brasil. Primeiro, no meio de tanta turbulência, o mocinho da história questiona Neide a respeito do nome de seu cachorrinho de infância. Quem se preocuparia com isso diante daquela aflição? E o pior veio depois: o enigma só foi desvendado após Jorginho, já na sala de sua casa, descobrir uma foto antiga em que a vilã aparece abraçada ao animal. Por que Carminha, que é tão interessada em ocultar o seu passado, estamparia uma evidência tão forte em um lugar tão perigoso? João Emanuel Carneiro, que já roteirizou filmes como Central do Brasil e A Dona da História, bem que poderia usar o que aprendeu no cinema em sua novela.
Aplausos: Para a cena em que as empreguetes coreografam sua música na rua do condomínio de Cheias de Charme. Além de ter dado um ar de leveza ao capítulo, a sequência utilizou uma linguagem diferente daquela que costuma ser usada pelas novelas.

Vaias: Para Jean Paulo Campos, o Cirilo de Carrossel. É super complicado fazer cobranças em cima de uma criança, mas o intérprete do Cirilo anda precisando claramente de um trabalho maior da direção em torno de sua atuação. Ele destoa dos demais atores e tem um dos principais papéis da novela. 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Aplausos: Para Bianca Comparato, a Betânia de Avenida Brasil. Com atraso, o blog reconhece o talento dessa pequena grande atriz. Ao lado de Adriana Esteves e Débora Falabella, Bianca protagonizou cenas cheias de tensão e maestria. Bianca merece papéis maiores.

Vaias: Para Galvão Bueno, narrador de esportes da Rede Globo. Na transmissão do jogo amistoso entre Brasil e México, Galvão errou em diversos momentos da transmissão (inclusive ao anunciar antecipadamente o final da partida), encheu a paciência dos telespectadores com o seu deslumbramento em relação ao estádio de futebol que sediou a partida e ainda foi mal-educado com com o comentarista Júnior, ex-jogador do Flamengo, quando este mencionou o péssimo estado do gramado. Além disso, mostrou que é teimoso e não admitiu o momento ruim da Seleção Brasileira. Definitivamente, o narrador não tem muito carisma.

domingo, 3 de junho de 2012

Aplausos: Para Andréa Horta, a Valéria de Amor, Eterno Amor. Eu, que critiquei a moça pelo tom demasiadamente over dado à personagem, preciso reconhecer que o excesso de caricatura é necessário e representa uma ilha de fôlego em uma novela tão enfadonha.

Vaias: Para Alexandre Borges, o Cadinho de Avenida Brasil. Além de estar inserido em uma trama chata, pobre e batidíssima, Borges abusa do direito de repetição, fazendo as mesmas caras e bocas de Jacques Léclair e outros personagens anteriores. Características que revelam a limitação de seus recursos dramáticos. 

sábado, 2 de junho de 2012

Aplausos: Para o remake de Carrossel. Apesar de demonstrar claramente estar ainda em fase de acertos técnicos, a produção escrita por Íris Abravanel cumpre sua função de entreter as crianças. A novela chega a ser graciosa e remete com nostalgia a personagens emblemáticos da infância de muitos brasileiros. Esperamos que o SBT continue investindo em teledramaturgia.

Vaias: Para a exibição interminável de A Grande Família. O humorístico, ao longo desses muitos anos na grade da Rede Globo, tornou-se enfadonho e mostra que esgotou a sua proposta há algum tempo. Um desperdício de atores como Marco Nanini, Marieta Severo, Pedro Cardoso e Guta Stresser. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Aplausos: Para Adriana Esteves, a Carminha de Avenida Brasil. A atriz, que tem tudo para ser a melhor do ano, está excelente na pele de uma vilã divertidamente desequilibrada. O típico caso em que a personagem serve como uma luva para a interpretação da atriz. Outro grande acerto de escalação.

Vaias: Para a reprise de Chocolate com Pimenta. A Rede Globo, maior produtora de telenovelas do mundo, tem um acervo gigantesco e não precisa repetir o que já foi repetido. A novela, já reprisada há poucos anos, ainda está muito fresca na memória dos telespectadores. Além disso, a overdose de Walcyr Carrasco na TV cansa até o mais incansável de seus fãs. 

O machismo jeca de João Emanuel Carneiro

Talvez me chamem de politicamente correta. Por conta disso, acho importante esclarecer qual é a minha posição a respeito disso tudo. Primeiramente, é preciso pontuar que o politicamente incorreto não é cool, muito menos vanguardista. Pelo contrário, esse discurso apareceu no seio dos setores mais conservadores da sociedade. Surgiu justamente para reagir às conquistas sociais dos negros, das mulheres, dos pobres, dos homossexuais, dos excluídos em geral. No entanto, acho que qualquer radicalismo é chato e cerceia a capacidade de criação. Diante disso, algumas picuinhas são realmente dispensáveis. Dependendo do contexto da cena, usar uma palavra como "bicha" não ofende ninguém. Em Insensato Coração, novela bastante sensível à questão da homossexualidade, o vocabulário não precisava ser minimamente filtrado. As palavras rasgadas estavam lá, e muito bem utilizadas. Do mesmo modo, Miguel Falabella não se furtou em usar o divertido adjetivo "chocotona" como referência a uma personagem negra e acima do peso. E o resultado não ofendeu ninguém. Ainda mais em Aquele Beijo, novela que teve o mérito de retratar a sociedade em sua mais rica pluralidade: negros, gordos, nordestinos, travestis, moradores de comunidades carentes, etc. Um retrato colorido de uma sociedade múltipla.

Disse isso porque acho que temos deslocar a questão. Em vez de perguntarmos o que é politicamente correto, como se isso fosse necessariamente uma questão a ser repudiada, precisamos indagar se algo é politicamente razoável. É claro que a patrulha do vocabulário é quase sempre chata e pouco recomendável. Em contrapartida, é de extremo mau gosto que um autor esteja estritamente preocupado em ridicularizar, estereotipar e estimular o preconceito, ainda que nas entrelinhas, contra qualquer grupo de pessoas. A título de exemplo, faço mais uma comparação. O homossexual Crô, de Fina Estampa, passou a novela como um mico de circo: sua vida afetiva, por exemplo, sequer foi revelada ao grande público. De outro modo, o Áureo de Morde & Assopra, que também tinha a mesma orientação sexual, divertia, paquerava e gozava de uma vida própria. Até teve direito a um par romântico no final. Não preciso nem dizer qual personagem ficou restrito ao estereótipo.

Neste sentido, João Emanuel Carneiro se coloca como o continuador dos velhos padrões morais já arraigados no mundo das novelas. Em A Favorita, tivemos o gay que se converteu e a adúltera ridicularizada em público. Em pleno século XXI, ver a personagem de Helena Ranaldi ser humilhada só por conta de sua independência amorosa foi extremamente constrangedor. Doeu em milhões de mulheres que são, a todo momento, humilhadas e condenadas a comportar-se, quase sempre, como servas robóticas e necessariamente monogâmicas, ainda que sem amor. Em Avenida Brasil, a história se repete. Ainda que a trama tenha bons elementos críticos, como os recorrentes discursos moralistas e cheios de conteúdo religioso de Carminha, a novela é recheada de machismo por todos os lados. O homem com três mulheres chega a ser engraçadinho nas tintas do autor. O vovô homofóbico tem suas crenças consagradas e legitimada pelos fatos ao longo dos capítulos. Já Suellen, a moça que parecia surgir para subverter esses valores, é colocada como mau-caráter. Uma personagem que tinha tudo para cair nas graças do público, a partir de uma lógica completamente diferente do que já vimos na TV. Porém, é muito provável que João Emanuel Carneiro sequer tenha pensado nisso. Os capítulos seguintes mostraram, infelizmente, que a ninfeta do Divino objetivava, apenas, oportunidades de ascensão. As mulheres que têm autonomia sobre seu próprio corpo são, geralmente, golpistas. É essa a mensagem que a novela consolida. 

É até risível dizer que João Emanuel tenha algum ponto de inovação. Suas tramas são fortemente pautadas pelo formato antigo de folhetim. Para completar, o conteúdo mostra-se cada vez mais marcado por velhos discursos. Obviamente, a novela não tem o objetivo de ser uma aula de comportamento. Não paramos em frente à televisão para ver cenas extremamente didáticas e cheias de tatibitate. Contudo, é inegável que a teledramaturgia tem uma influência esmagadora em um país como nosso. Se um autor não tem isso em mente, ele é inegavelmente pouco esperto e, principalmente, nada consciente do que pode causar. Vale lembrar que levamos anos para conseguir o mínimo de respeito com os negros (ainda que um respeito muitas vezes fingido e maquiado) no contexto das telenovelas. João Emanuel Carneiro, que sabiamente foi o primeiro a escalar uma protagonista negra em uma novela, deveria saber disso melhor do que ninguém.