segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Aplausos: Para Adorável Psicose, seriado do Multishow protagonizado por Natália Klein. Ainda que as duas primeiras temporadas tenham sido levemente superiores, a atração conseguiu manter, depois disso, uma divertida abordagem sobre a vida dos jovens contemporâneos. Repleto de sarcasmo, de ironia, e de um politicamente incorreto inteligente e ácido (completamente diferente daquele que nos acostumamos a ver, por exemplo, nos diálogos estereotipados e rasos de Fina Estampa ou Avenida Brasil), o programa acompanha a rotina de Natália, protagonista recém-formada que se envolve, a cada capítulo, nas confusões mais variadas. Vale destacar, também, Juliana Guimarães, intérprete da impagável Doutora Frida.

Vaias: Para a insistência da Rede Record em dar espaço a comediantes de stand-up comedy. O formato, convenhamos, quase nunca é engraçado e é recheado por "humoristas" adeptos das mais entediantes piadas de churrasco. Ainda assim, a emissora paulistana dedica longos minutos de sua programação a essa bobagem. Uma chatice.

domingo, 19 de agosto de 2012

Aplausos: Para o Profissão Repórter, uma rara exceção na programação da Rede Globo. Diante de programas rasos como o Na Moral ou o Encontro com Fátima Bernardes, o jornalístico comandado por Caco Barcelos é um deleite. Por meio de jornalistas jovens, a atração traz pautas interessantes e geralmente abordadas sob diversos aspectos, fato que demonstra, em última análise, a pluralidade de pontos de vista possíveis a respeito de uma mesma questão. Um trabalho fantástico diante do engessamento que a política conservadora da emissora impõe aos seus profissionais de criação.

Vaias: Para Gabriela, que definitivamente virou uma bobagem nas últimas semanas. Cenas com diálogos infantis e extremamente constrangedores tornaram-se cada vez mais frequentes na adaptação, principalmente na boca de tipos transformados por Walcyr Carrasco em alegorias de mau gosto. Figuras como Tonico Bastos e Glória foram totalmente descaracterizadas pela obra carrasquiana. Mesmo Miss Pirangi, personagem inédito do "remake", que começou muito bem-escrito e bem-desenvolvido, perdeu completamente a sua inserção no contexto da sociedade de Ilhéus e sua capacidade de suscitar debates. Falando em descaracterização, também chama a atenção o extremo e raso maniqueísmo que tomou conta da novela das onze. A tentativa de dividir um romance tão profundo em mocinhos e bandidos fez com que Carrasco trouxesse de volta Zarolha, a prostituta mais contestadora do Bataclan. Como se não bastasse, o autor não se furtou em modificar completamente a personagem original em função de seu empreendimento dualista. Enfim, Gabriela se tornou uma novela típica de Walcyr Carrasco: ruim, equivocada, boba e vazia. Quase um pecado em se tratando do potencial dramatúrgico e crítico do livro que serviu de base para a adaptação. Ninguém está dizendo, porém, que um roteiro adaptado tenha que seguir à risca os passos do original. Pelo contrário, modificar uma coisa ou outra pode criar uma obra tão ou até mais rica que a obra de origem. Contudo, Carrasco fez o caminho contrário: suas operações no romance mostraram-se, com o tempo, empobrecedoras. Nesse caso, não há liberdade criativa que o salve.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Aplausos: Para o papel do Brasil na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres. Dirigida por Daniela Thomas e Cao Hamburger, a encenação mostrou o Brasil de forma competente e correta. O tempo corrido acabou obrigando os diretores a recorrerem a alguns clichês, é verdade. No entanto, os tais clichês foram mais que apropriados em uma apresentação que se propunha a representar um quadro estereotipado de Brasil.

Vaias: Para a cena em que Tonico Bastos, interpretado por Marcelo Serrado, é obrigado a vestir-se de mulher em Gabriela. Além de desnecessária e descontextualizada, a sequência deu margem para uma série de gestos exagerados mais apropriados a uma tipo de humorístico de quinta categoria. Não bastasse a interpretação do ator, que é extremamente calcada em uma série de trejeitos exagerados e mal-elaborados, o texto de Walcyr Carrasco, no mesmo sentido, vem se empenhando em transformá-lo em uma espécie de caricatura. Uma pena.

domingo, 12 de agosto de 2012

Jogo Rápido: Gabriela

Gabriela, adaptação de Walcyr Carrasco ao romance homônimo de Jorge Amado, chega a contornos decisivos e começa a ser cobrada pela audiência mediana. Há quem diga, inclusive, que a novela das onze carece de repercussão ou mesmo de emoção. Questionamentos, ademais, recaem sobre a escalação da protagonista ou sobre a desnecessidade de veicular a icônica cena em que Gabriela sobe em um telhado de Ilhéus para buscar uma pipa. Qual seria, desse modo, o problema de Gabriela? 

Bom, é claro que a cena da pipa iria ao ar. Como cena emblemática, não dava para deixá-la de fora. Em uma adaptação cheia de recursos inventados - inovações feitas ao romance e à primeira versão -, a sequência mais marcada na memória da cultura não poderia ser deixada de fora. Seria um ultraje e até mesmo um desrespeito com quem aprecia minimamente a obra do escritor baiano. Ao mostrar as partes, Gabriela mostrava, também, todo o espanto de uma sociedade oprimida, recatada e constantemente calada pelo regime militar que assombrava o Brasil da época.

Falta de repercussão também não é. Gabriela entra todo dia nos trending topics do twitter, só pra citar um exemplo. A traição de Dona Sinhazinha e seu consequente assassinato, o dilema da jovem Lindinalva e as maldades de Dona Dorotéia são alguns exemplos de fatos que, de um modo ou de outro, foram bastante comentados em redes sociais. As duas últimas personagens, vale dizer, são inéditas da novela de Carrasco, dado que prova que não há, de maneira alguma, um erro de cálculo em relação ao remake.

Erros menores, é claro, podem ser apontados: Marcelo Serrado, por exemplo, é over, caricato, chato e irritante. Seu personagem se perdeu completamente em meio a uma composição mais adequada a um quadro pobre de humorístico raso tipicamente feito pela Rede Globo. Se Marcelo se inspirou ou não no intérprete original (Fúlvio Stefanini), fato é que o Tonico Bastos dessa versão é completamente diferente. De semelhante, só a parte mais caricata e, curiosamente, a mais dispensável. 

O problema maior da versão do Walcyr Carrasco, na minha opinião, está longe de ser a protagonista ou a falta de emoção. A questão recai muito mais sobre o contexto histórico que era pano de fundo da Gabriela de Walter George Durst. Em 1975, em tempos de censura moral, Gabriela chocou, de certo modo, a sociedade em geral. Hoje, obviamente, a trama não funciona como naqueles tempos. E nem poderia: já estamos acostumados a ver gente quase nua até em programas vespertinos dominicais. Eram outros tempos. 

Mas também pesa o fato de que o autor, seguindo sua tradição, infantiliza e ridiculariza um texto muito crítico e questionador. Esse movimento de infantilização é facilmente provado por algumas cenas: a veiculada na última sexta, por exemplo, em que Tonico Bastos se veste de mulher em uma sequência completamente patética e descontextualizada. Ou ainda, pelas descrições ridiculamente feitas pela personagem de Suzana Pires a respeito do sexo com seu coronel-provedor.  No final das contas, Gabriela ganha um ar de pornochanchada ruim que, em tempos atuais, tem menos impacto do que qualquer vídeo no youtube.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O blog comunica que, a partir de hoje, a seção Aplausos e Vaias será publicada apenas 1 vez por semana, sempre às segundas. 

Aplausos: Para Gabriela, que apesar de diálogos com altos e baixos, mantém um bom nível de dramaturgia. Destaque para os últimos acontecimentos da novela das onze, como a descoberta da traição de Sinhazinha pelo Coronel Jesuíno e a bem-dirigida quermesse de Ilhéus. Ao contrário de Amor, Eterno Amor, por exemplo, o folhetim de Walcyr Carrasco compensa a audiência mediana com um bom nível de repercussão nas redes sociais. Vale mencionar, também, o ótimo acabamento da direção de Mauro Mendonça Filho, que arrasa na direção de arte, na trilha sonora e na fotografia.

Vaias: Para a esquizofrênica cobertura das Olimpíadas feita pela TV Record. Se a emissora paulistana gastou milhões para ter exclusividade do evento e na seleção de competentes profissionais para cobrir os esportes olímpicos, falta aos homens de decisão da empresa maior experiência em estabelecer prioridades concretas na transmissão. Ao que parece, a escolha da modalidade prioritária a ser transmitida é feita com base na audiência, o que torna a cobertura extremamente instável, cheia de interrupções, deslocamentos abruptos para outros esportes e intervalos comerciais que quebram completamente o clima de quem está assistindo à competição. Desse modo, se você se dispõe a assistir a uma partida de tiro com arco, por exemplo, nada garante que você conseguirá acompanhar uma rodada inteira de jogos, uma vez que a emissora não se furta de interromper uma disputa no meio em função de comerciais ou mesmo de outra modalidade que sequer será transmitida integralmente. Também chama a atenção a falta de compromisso com atletas brasileiros. Ontem, em um dos dias mais movimentados das Olimpíadas, a TV Record chegou ao ápice de seu amadorismo na transmissão esportiva: preferiu passar o enfadonho Programa do Gugu. Um mico.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Aplausos: Para a bem-humorada participação de Preta Gil em Cheias de Charme. Na novela, a filha de Gilberto Gil fez uma visita ao reality show vivido por Chayene (Cláudia Abreu) e Fabian (Ricardo Tozzi). O encontro rendeu momentos muito divertidos e espirituosos, com direito a uma insinuação de um romance entre a cantora e a musa do eletro-forró. Cláudia Abreu, aliás, está a cada dia melhor.

Vaias: Para a programação matinal da Rede Globo, atualmente composta por três atrações muito parecidas. Os conteúdos abordados por Mais Você, Bem Estar e Encontro poderiam muito bem ser resumidos em um só programa. Desse modo, a distribuição da grade seria mais inteligente e ninguém se cansaria dessa overdose de produtos que, no final das contas, não têm nada que confira uma identidade diferente o suficiente para justificá-los como atrações singulares.