terça-feira, 27 de novembro de 2012

Melhores do Ano 2012 (Prêmio Leila Diniz)


Estamos chegando a mais um fim de ano e, com isso, o blog decidiu eleger, pelo segundo ano consecutivo, os melhores profissionais em teledramaturgia de 2012. Diferentemente da primeira eleição, a premiação deste ano terá a participação dos leitores. A partir deste ano, em homenagem a uma das grandes atrizes e personalidades do país, o prêmio será chamado de Leila Diniz.

O prazo para votar vai até 5 de Janeiro. Os resultados serão divulgados a partir do dia 6 de Janeiro

Apenas foram incluídas produções com, no mínimo, 40% de seus totais exibidos em 2012. Salve Jorge, por exemplo, não foi incluída. Vamos aos indicados:



Atuação em Série Nacional 

Érika Januza (Suburbia)
Fabrício Boliveira (Suburbia)
Mariana Lima (Sessão de Terapia)
Selma Egrei (Sessão de Terapia)
Zé Carlos Machado (Sessão de Terapia)

(Vencedora em 2011: Andréa Beltrão; Indicados em 2011: Débora Falabella, Fernanda Torres, Ingrid Guimarães, Marisa Orth)



Série Nacional 

Adorável Psicose (Natália Klein)
Dercy de Verdade (Maria Adelaide Amaral)
Louco Por Elas (João Falcão)
Sessão de Terapia (Selton Mello)
Suburbia (Luiz Fernando Carvalho)

(Vencedor em 2011: Tapas e Beijos; Indicados em 2011: A Grande Família, A Mulher Invisível, Força Tarefa, Macho Man) 



Trilha Sonora

Amor, Eterno Amor (Rogério Gomes)
Cheias de Charme (Denise Saraceni e Carlos Araújo)
Gabriela (Roberto Talma e Mauro Mendonça Filho)
Lado a Lado (Dennis Carvalho e Vinicius Coimbra)
Suburbia (Luiz Fernando Carvalho)

(Vencedora em 2011: Cordel Encantado; Indicadas em 2011: A Vida da Gente, Amor e Revolução, Insensato Coração, O Astro)



Fotografia

Avenida Brasil (Fred Rangel)
Dercy de Verdade (Paulo Souza)
Gabriela (Sérgio Marine)
Lado a Lado (Walter Carvalho e Daniel José dos Santos)
Suburbia (Adrian Tejido)

(Vencedora em 2011: A Vida da Gente; Indicadas em 2011: Aquele Beijo, Cordel Encantado, Insensato Coração, O Astro)



Figurino

Cheias de Charme (Gogoia Sampaio)
Gabriela (Labibe Simão)
Guerra dos Sexos (Marilia Carneiro)
Lado a Lado (Beth Filipecki e Renaldo Machado)
Suburbia (Luciana Buarque)

(Vencedora em 2011: Cordel Encatado; Indicadas em 2011: A Vida da Gente, Aquele Beijo, Insensato Coração e O Astro)



Direção de Arte

Avenida Brasil (Ana Maria Magalhães e Cristina Demier)
Cheias de Charme (Guga Feijó)
Gabriela (Mario Monteiro e Silvana Estrela)
Lado a Lado (Mario Monteiro e Nininha Medicis)
Suburbia (Mario Monteiro)

(Categoria não realizada em 2011)



Direção

Denise Saraceni e Carlos Araújo (Cheias de Charme)
Dennis Carvalho e Vinicius Coimbra (Lado a Lado)
Luiz Fernando Carvalho (Suburbia)
Roberto Talma e Mauro Mendonça Filho (Gabriela)
Ricardo Waddington, Amora Mautner e José Luiz Villamarin (Avenida Brasil)

(Vencedores em 2011: Ricardo Waddington, Amora Mautner e José Luiz Villamarin; Indicados em 2011: Dennis Carvalho e Vinicius Coimbra, Jayme Monjardim, Roberto Talma e Mauro Mendonça Filho, Rogério Gomes)



Autor

Filipe Miguez e Isabel de Oliveira (Cheias de Charme)
João Emanuel Carneiro (Avenida Brasil)
João Ximenes Braga e Cláudia Lage (Lado a Lado)
Luiz Fernando Carvalho e Paulo Lins (Suburbia)
Walcyr Carrasco (Gabriela)

(Vencedores em 2011: Gilberto Braga e Ricardo Linhares; Indicados em 2011: Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, Christianne Fridman, Miguel Falabella e Licia Manzo)



Ator Coadjuvante

Caio Blat (Lado a Lado)
Gero Camilo (Gabriela)
José de Abreu (Avenida Brasil)
Juliano Cazarré (Avenida Brasil)
José Wilker (Gabriela)

(Vencedor em 2011: Herson Capri; Indicados em 2011: André Gonçalves, Marcelo Serrado, Marcos Caruso, Thiago Martins)




Atriz Coadjuvante

Alexandra Richter (Cheias de Charme)
Cacau Protásio (Avenida Brasil)
Isis Valverde (Avenida Brasil)
Titina Medeiros (Cheias de Charme)
Vera Holtz (Avenida Brasil)

(Vencedora em 2011: Cássia Kis Magro; Indicadas em 2011: Ana Lúcia Torre, Julia Lemmertz, Denise Del Vecchio, Zezé Polessa) 



Ator

Lázaro Ramos (Lado a Lado)
Marcos Palmeira (Cheias de Charme)
Marcello Novaes (Avenida Brasil)
Murilo Benício (Avenida Brasil)
Ricardo Tozzi (Cheias de Charme)

(Vencedor em 2011: Gabriel Braga Nunes; Indicados em 2011: Antonio Fagundes, Bruno Gagliasso, José Mayer, Rodrigo Lombardi) 



Atriz

Adriana Esteves (Avenida Brasil)
Cláudia Abreu (Cheias de Charme)
Débora Falabella (Avenida Brasil)
Laura Cardoso (Gabriela)
Marjorie Estiano (Lado a Lado)

(Vencedora em 2011: Lília Cabral; Indicadas em 2011: Ana Beatriz Nogueira, Christiane Torloni, Glória Pires, Regina Duarte)



Novela

Avenida Brasil (João Emanuel Carneiro)
Carrossel (Iris Abravanel)
Cheias de Charme (Filipe Miguez e Izabel de Oliveira)
Gabriela (Walcyr Carrasco)
Lado a Lado (Cláudia Lage e João Ximenes Braga)

(Vencedora em 2011: Cordel Encantado; Indicadas em 2011: A Vida da Gente, Insensato Coração, O Astro, Vidas em Jogo)


VOTAÇÃO ENCERRADA

domingo, 25 de novembro de 2012

Aplausos: Para Camila Pitanga e Marjorie Estiano, que interpretam as protagonistas femininas de Lado a Lado. Na pele de Isabel e Laura, respectivamente,  o dueto de atrizes vem dando show e apresentando uma química invejável, algo difícil de ser conquistado tão imediatamente. O resultado é claro: a dupla de mocinhas é carismática e extremamente convincente. O mérito, é claro, é todo das intérpretes, duas das melhores atrizes da nova geração.

Para Maria Padilha, a Diva Celeste de Lado a Lado. Novamente, cabe ressaltar a maestria de uma atriz com participações tão raras na TV. Padilha, mais uma vez, soube realizar um impecável trabalho de composição.

Para Ana Carbatti, a Zenaide de Lado a Lado. Interpretando a sisuda e implacável irmã de Berenice (Sheron Menezes), Ana consegue passar, apenas com o olhar, todo o rancor e a amargura que sua personagem sublinha. Um trabalho contido, introspectivo, muito bem-feito e completamente dependente das linguagens corporal e facial. Uma atriz com menos técnica certamente derraparia. Ana, porém, parece tirar de letra.

Para Roberta Rodriguez e Bruna Marquezine, que interpretam, respectivamente, Maria Vanúbia e Lurdinha em Salve Jorge. Se o núcleo do Alemão é, em sua maior parte, enfadonho e didaticamente criado para retratar uma imagem idealizada de comunidade "pacificada", o mesmo não se pode dizer a respeito das duas personagens "piriguetes" criadas por Glória Perez. As rivais representam, de fato, os melhores momentos das cenas alocadas na comunidade. Ao contrário de outros tipos que circulam pelo morro, Vanúbia e Lurdinha divertem, justamente, por corresponderem a um estereótipo real e muito comum no cotidiano dos brasileiros. As atrizes, diga-se de passagem, estão ótimas.

Para Carolina Dieckmann e Paloma Bernardi, que interpretam, respectivamente, Jéssica e Rosângela em Salve Jorge. O núcleo do tráfico de mulheres é, certamente, o que mais chama a atenção na esquizofrênica novela de Glória Perez. E boa parte desse sucesso, é preciso dizer, é resultante no desempenho de duas atrizes: Carolina Dieckmann e Paloma Bernardi. Carolina, já elogiada pelo blog, continua impecável em cena. Já Paloma, que nunca havia tido performances muito satisfatórias em seus personagens anteriores, vem surpreendendo no papel da ambiciosa Rosângela. 

Para Dira Paes, a Lucimar de Salve Jorge. Que Dira é fantástica, todo mundo já sabe. O que surpreende, entretanto, é a capacidade que a atriz tem de variar com bastante competência de um papel para o outro. Quem olha para Lucimar, a mãe guerreira da protagonista Morena, não se lembra minimamente de sua personagem em Fina Estampa, a última novela da qual Dira participou. O curioso é que, guardadas as devidas proporções, os dois papeis são bastante parecidos. Um trabalho que só uma atriz com a versatilidade de Dira poderia fazer.



Vaias: Para Bianca Bin e Thiago Rodrigues, a Carolina e o Zenon, respectivamente, de Guerra dos Sexos. Se a novela é criticada por conta de uma direção que passa, na maior parte das vezes, uma impressão de plasticidade fake, o péssimo desempenho de atores como Bianca e Thiago colabora mais ainda com a estética forçada e excessivamente teatral que a novela apresenta. Inseguros em cena, Bianca e Thiago não passam a mínima naturalidade e transformam cenas importantes em esquetes pobres que parecem ter sido extraídas de uma temporada bobinha de Malhação. Definitivamente, a escalação da novela de Sílvio de Abreu apresenta equívocos substanciais.

Para a Turquia de Glória Perez, um dos principais cenários de Salve Jorge. Ainda que culturas estrangeiras e diferentes tenham sido o forte da autora nos últimos anos, os turcos da novela das nove não vem sendo retratados com o mesmo brilhantismo de suas novelas anteriores. Todos os acontecimentos parecem ter sido escritos dentro de uma espécie de projeto didático e enfadonho, que pretende, em tese, dar aulas sobre o comportamento, a sociedade e a cultura do povo da Capadócia. O resultado é evidente: as tramas da Turquia são chatas, enfadonhas e não conseguem atrair o público. 

Para Galvão Bueno e Rede Globo, que não esconderam a preferência por Fernando Alonso, piloto espanhol da equipe Ferrari no Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. Em uma competição em que os corredores com chances de título são estrangeiros, o mínimo que se espera de uma cobertura séria e compromissada com o telespectador é imparcialidade. Não foi o que se viu, por exemplo, na vinheta de abertura do GP Brasil, que demonstrou um carro da Red Bull, equipe de Sebastian Vettel, piloto alemão rival de Alonso na disputa pelo campeonato, capotando em um acidente simulado. Algo de extremo mau gosto. Não bastasse isso, o telespectador se viu obrigado a tolerar a inconveniência de Galvão Bueno, cada vez mais anacrônico, ultrapassado e irritante. O narrador, seguindo a linha da emissora, não escondeu sua preferência pelo piloto espanhol, conjecturando, a cada 5 minutos, situações hipotéticas que possibilitariam o título para Alonso. Em algumas vezes, impulsionava descaradamente o hispânico. Em outras, fazia algo pior: torcia por acidentes e quebras envolvendo outros pilotos, acontecimentos que, se tivessem ocorrido, favoreceriam o esportista ferrarista. Seja como for, a torcida não deu certo: Sebastian Vettel foi o campeão. Além de chato, Galvão Bueno é pé frio.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Nota especial de parabéns a O Astro, novela adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, que ganhou o Emmy Internacional de melhor novela. Sem medo de ousar, a dupla de autores escreveu um folhetim dinâmico, ágil, moderno e elegante. Com um remake com cara de obra inédita, a dupla acertou em inovar em grande parte do texto original. Destaque, também, para a direção, que oscilou entre um kitsch equivocado e momentos de maestria, e, é claro, para o elenco muito bem-escalado. Regina Duarte, à parte de seus equívocos na vida pessoal, antologizou Clô Hayalla na galeria de grandes personagens da TV. Uma interpretação over que, embora tenha sido incompreendida por alguns, foi calculada e, na opinião do blog, bastante acertada.

A Mulher Invisível, série protagonizada por Luana Piovani, Selton Mello e Débora Falabella, também ganhou um Emmy: o de melhor comédia. Sem dúvida, com pleno merecimento. A série trouxe um roteiro sagaz, um elenco afinado e, principalmente, uma direção nada ingênua, que deu momentos de poesia a uma produção marcada pela comédia. Parabéns a Guel Arraes, a Cláudio Torres, a Selton Mello, que foi, além de ator, diretor da produção, à Luana Piovani, bastante correta em cena, e à Débora Falabella, uma das melhores atrizes de sua geração.


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Aplausos: Para Lado a Lado, que fica mais envolvente a cada dia que passa. A novela é tão boa que, mesmo sem a presença de alguns protagonistas em algumas passagens de tempo (quando Isabel passa uma temporada na França, por exemplo), a trama não perde o fôlego. Sinal de uma dramaturgia consistente, uma direção competente e um elenco mais do que afinado.

Para Constância, personagem interpretada por Patrícia Pillar em Lado a Lado. Diferentemente da maioria das megeras das novelas atuais, a vilã da novela das seis não sente orgulho de ser má. Constância não é do tipo que dá risadas maquiavélicas e que se regojiza com as próprias maldades. Pelo contrário, a antagonista da história comete atrocidades acreditando que está fazendo o que é melhor para sua família. Patrícia, mais uma vez, está arrasando no papel.

Para Christiana Guinle, a Carlota de Lado a Lado. A atriz, que é pouco ligada à televisão, mostra competência e versatilidade no papel da irmã ressentida de Constância (Patrícia Pillar). Muito segura em cena, Christiana demonstra bastante técnica e é, sem dúvida, mais um grande nome do elenco da novela das seis. Ela está perfeita.

Para o Saturday Night Live, humorístico da Rede TV. À parte da presença quase sempre desagradável de Rafinha Bastos, o programa, sem dúvida, apresenta um humor consistente e de qualidade. Não é uma comédia muito fina, mas muito bem-elaborada. Os humoristas da atração são, em sua maioria, competentes e muito inteligentes. Destaque para Renata Gaspar, a mais proeminente deles. Suas imitações em geral são engraçadíssimas. 



Vaias: Para o Casseta e Planeta, Vai Fundo!, humorístico da Rede Globo. Os cassetas, que há anos vinham se arrastando em um programa ruim, chato e de mau gosto, resolveram retornar em um projeto que, como já era previsível, manteve o tom ultrapassado e inconveniente da atração anterior. Algo muito distante dos brilhantes roteiristas que ajudaram a coroar sucessos como a TV Pirata. É uma pena.

Mais uma vez, o blog bate na tecla do excesso de personagens em Salve Jorge. Definitivamente, é muito difícil, para qualquer autor, conduzir tantas histórias simultaneamente. Folhetins como Páginas da Vida provaram que uma quantidade demasiada de tramas pode comprometer a qualidade de uma novela gravemente. O número de personagens idealizado por Glória Perez seria até adequado em uma novela com mais de uma fase (como Renascer) ou em uma novela em que as tramas vão começando e terminando ao longo do folhetim, sem, contudo, acontecerem necessariamente ao mesmo tempo (como em Insensato Coração). A ideia de Glória, entretanto, é impraticável. Só turba a sua dramaturgia, reduz a importância do eixo protagonista da novela e não fideliza o telespectador, que não tem, é claro, paciência para acompanhar a condução de todas as tramas.

sábado, 10 de novembro de 2012

Aplausos: Para Caio Blat, o Fernando de Lado a Lado. Bissexto na televisão, o ator prova, com as suas recorrentes demonstrações de brilhantismo, que é, de fato, um dos melhores atores de sua geração. Ainda que seja jovem, Caio apresenta recursos dramáticos avançados e geralmente desenvolvidos apenas por aqueles que possuem mais experiência.

Para Débora Duarte, que também vem arrasando na novela das seis. Dona Eulália, sua personagem em Lado a Lado, é uma vilã típica da Escola Gilberto Braga de fazer novela, oscilando entre o golpismo jocoso e traços sérios de vilania. Débora, que há muito tempo merecia um papel assim, está aproveitando muito bem o presente, como já era esperado. Destaque para as cenas das últimas semanas, em que sua personagem confronta Fernando, interpretado por Caio Blat. Os dois atores reinaram em cena e deram uma aula de atuação.

Para Lado a Lado, que além de seus indiscutíveis atributos de texto, direção e elenco, vem se consagrando, também, como conjunto. O folhetim de João Ximenes Braga e Cláudia Lage já conquistou, pelo menos para este blog, o posto de melhor novela do ar.

Para Nanda Costa, a Morena de Salve Jorge. Segundo Glória Perez, a atriz está sendo bastante criticada por sua atuação na novela das nove. Para o blog, porém, Nanda está corretíssima. A personagem, aliás, é ótima. Morena é, antes de tudo, uma completa subversão de valores. Sem dúvida, a mocinha de Nanda é um dos grandes (e poucos) pontos fortes da trama do horário nobre. Em uma novela repleta de repetecos, a protagonista é um dos raros momentos de frescor e novidade.

Para Carolina Dieckmann, que, indiscutivelmente, conseguiu roubar a cena nas últimas semanas. Com uma atuação comovente e bastante competente, a atriz logrou êxito ao compor Jéssica, uma das mulheres traficadas por Lívia (Cláudia Raia) em Salve Jorge. Carolina vem dando provas que, à parte de sua fama de pessoa difícil, é uma excelente atriz. A trama do tráfico de mulheres, a propósito, é, junto com o drama de Morena (Nanda Costa), a melhor parte da novela.





Vaias: Para o excesso de tramas em Salve Jorge, fator que deixa a novela extremamente enfadonha e desinteressante. O número de histórias que pululam na tela durante a sua exibição causa um evidente efeito de desvio de atenção, fazendo com o que o público, com toda a razão, não consiga se fidelizar com a trama de Glória Perez. 

Para o excesso de repetições estruturais que tomam conta de Salve Jorge. Além do problema do imoderado número de personagens, existe, também, a sensação de repeteco em toda a estrutura da novela. Os dilemas, de modo geral, são muito parecidos com outros tratados em novelas anteriores da mesma autora. Para completar, atores como Antonio Calloni e Jandira Martini foram escalados para papeis semelhantes a outros que já interpretaram em outras novelas de Glória Perez. Por fim, a escritora, infelizmente, não vem conseguindo manter o mesmo brilhantismo demonstrado em outras tramas internacionais, como O Clone e Caminho das Índias. Por incrível que pareça, o núcleo estrangeiro, que é sempre ponto forte em novelas de Glória, é, em Salve Jorge, o mais chato da trama.

Para Cláudia Raia, a Lívia Marino de Salve Jorge. Com um grande personagem nas mãos, a atriz, ao menos até aqui, ainda não conseguiu construir uma composição corporal adequada ao ethos de uma vilã classuda, discreta e elegante. Sua atuação, em última análise, fica estranha, robótica e artificial.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lado a Lado: Audiência em Baixa, Qualidade em Alta

Lado a Lado, novela das 18 horas, chama a atenção por sua qualidade. Com uma dramaturgia bem-escrita, bem-desenvolvida e bem-amarrada, a trama de João Ximenes Braga e Cláudia Lage encanta por causa de seu alto grau de acabamento textual. O folhetim, a propósito, tem um conceito diferente em relação à maioria das novelas de época exibidas até aqui. Lado a Lado, vale dizer, não se coloca como uma trama de costumes datados. Antes de mais nada, suas histórias se desenvolvem nos moldes contemporâneos, com conflitos que podem muito bem acontecer em meio às nuances dos nossos tempos. A própria trilha sonora, totalmente atual, indicia que o objetivo da novela não é retratar o código moral do início do século XX, mas olhar para o passado com as tintas do terceiro milênio. 

Mas por que a escolha desse contexto histórico específico? Ora, os anos 1900 foram fundamentais para a formação da estrutura social presente no Rio de Janeiro atual. Um contexto recheado de acontecimentos importantes: a reforma urbana, o surgimento dos morros, as revoltas da vacina e da chibata, entre outras ocorrências que justificam toda a configuração presente, hoje em dia, na metrópole carioca. Assumir tal conjuntura como pano de fundo traz à tona, certamente, discussões essenciais aos principais problemas que assolam a sociedade do Rio nos anos 2000: a desigualdade social, a repressão por parte do poder público, a falta das garantias básicas de sobrevivência. O discurso de Laura (Marjorie Estiano), Zé Navalha (Lázaro Ramos) e Edgard (Thiago Fragoso) são propositadamente avant-garde, isto é, representam contestações que representam, obviamente, vozes da contemporaneidade.  Um deslocamento perfeito.

À parte disso, a novela é um primor em direção e em elenco. Tudo é perfeito: a fotografia, os cenários, os figurinos, a já supracitada trilha sonora e a direção de arte. O elenco, então, é um deleite à parte. Dennis Carvalho soube reunir, sem dúvida, o melhor elenco dos últimos tempos: Lázaro Ramos, Camila Pitanga Marjorie Estiano, Thiago Fragoso, Cássio Gabus Mendes, Milton Gonçalves, Alessandra Negrini, Patrícia Pillar, Maria Padilha, Isabela Garcia, Caio Blat, Tuca Andrada, Paulo Betti, entre outros. Além de atores experientes, a novela também traz excelentes revelações: Álamo Falcó e Rui Ricardo Diaz são dois bons exemplos.

Ainda assim, Lado a Lado continua patinando no Ibope. Fenômeno parecido assombrou novelas como A Vida da Gente, que registrou, em seu último capítulo, apenas 23 pontos de audiência, e Força de Um Desejo, que só emplacou mesmo em sua reprise. Em outras palavras, algumas novelas de qualidade ímpar simplesmente não conseguem conquistar números expressivos em medições de telespectadores. Em contrapartida, tais novelas acabam, com o tempo, tornando-se cults, folhetins inesquecíveis e com fãs bastante seletos. Isso quer dizer que a audiência não é um fator relevante? Obviamente, não. A novela é, em seu cerne, um produto de massa; criado, perpetuado e imbricado pelo povo. A relação é de interdependência: o gênero novela cresceu por causa de sua audiência e a audiência, por sua vez, vê na novela um dos principais traços de sua cultura. 

Seja como for, toda regra comporta sua exceção. Certamente, novelas como Lado a Lado fazem parte de uma exceção positiva. Com pouca audiência e muito reconhecimento de críticos e telespectadores assíduos, elas ganham a tacha de injustiçadas. Por outro lado, há as exceções negativas: novelas ruins que conquistaram, de modo inexplicável, o público. Fina Estampa, por exemplo, conseguiu uma das maiores médias no Ibope dos últimos 4 anos. Porém, não obteve nenhum reconhecimento. A novela de Aguinaldo Silva, de tão ruim, ganhou o estigma de supervalorizada. De qualquer forma, é bem provável que, daqui a uns anos, ninguém se lembre das caricatas e dispensáveis aventuras de Griselda, Crô e cia. Em contrapartida, Lado a Lado, Força de Um Desejo e A Vida da Gente têm tudo para ficar, durante muito tempo, na memória de boa parte dos brasileiros. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Aplausos: Para Suburbia, novo seriado de Luiz Fernando Carvalho. Com uma proposta bastante original em TV, a produção abusa da qualidade. Um primor em texto, direção e elenco. Destaque para os planos de câmera, para os diálogos e para excelente trilha sonora. Nota dez.

Para Lado a Lado, que ganhou ainda mais fôlego com a trama do rapto do bebê de Isabel (Camila Pitanga). A cena foi emocionante e a novela continua primorosa. Patrícia Pillar, com uma composição completamente diferente de Flora, a vilã emblemática que interpretou em A Favorita, continua impecável como Constância, a grande megera da novela das seis.

Para Glória Menezes, que, entra ano e sai ano, continua no posto de uma das melhores atrizes do Brasil. Sua participação em Louco Por Elas é adorável e a atriz, como de costume, dá show.

Para Sessão de Terapia, série exibida pelo Multishow. Dirigida por Selton Mello, a produção traz diálogos muito bem-construídos que surgem de conversas entre um psicanalista, Zé Carlos Machado, e seus pacientes. Vale a pena conferir.

Para Mariana Lima, Maria Luísa Mendonça e Selma Egrei, trio de excepcionais atrizes que vem dando um show em Sessão de Terapia. Em personagens dramáticos e complexos, Mariana, Maria Luísa e Selma usam todos os seus vastos recursos dramáticos com segurança e maestria. 



Vaias: Para os capítulos mais recentes de Salve Jorge. Se os dois primeiros episódios da nova novela de Glória Perez agradaram, o mesmo não pode ser dito dos capítulos posteriores. Além de uma overdose de tramas e personagens desnecessários, a história do folhetim não anda muito dinâmica. Problema grave se considerarmos que a novela está, ainda, em seu primeiro mês, momento em que é preciso fidelizar o telespectador.

Embora a trama tenha sido muito bem-idealizada, a execução da cena em que o bebê de Isabel foi raptado , em Lado a Lado, teve os seus furos no enredo. Não ficou muito claro, por exemplo, como Constância (Patrícia Pillar) sabia que a criança ainda não nascida seria do sexo masculino, o que possibilitou que ela arquitetasse, de forma sagaz, a troca do infante saudável por um menino morto. Fica a dica.

Para os programas sensacionalistas que povoam os fins de tarde da Band e da Record. Aquilo que é mostrado em produtos como Brasil Urgente e Cidade Alerta se aproxima muito mais de um veículo de terrorismo barato do que de um jornalismo correto e razoável. Além dos mais, os apresentadores desse tipo de programa irritam com entonações e gestos mais apropriados a mesas de boteco. Um saco.

Vaias, também, para a reprise de Da Cor do Pecado. A exibição original já não justificava uma primeira reprise, visto que a novela é fraca e teve um sucesso injustificado. Uma segunda exibição, então, não tem a menor explicação. O resultado está aí: a novela vem sendo cortada sem nenhum compromisso com os (poucos) telespectadores do folhetim. A Globo, que se gaba de seu "padrão de qualidade", mostra todo o seu amadorismo nessas horas. É importante pensar que, em espaços como o Vale a Pena Ver de Novo, é preciso privilegiar a qualidade em detrimento da audiência da exibição original. Força de Um Desejo, por exemplo, patinou no IBOPE e arrebentou em sua reprise. Fruto de seu alto grau de qualidade. O público da tarde, por incrível que pareça, sabe reconhecer novelas de qualidade. E esse não é caso, definitivamente, da estereotipada, previsível e rasa Da Cor do Pecado.

Por fim, vaias para o clichê e repetitivo Como Aproveitar o Fim Do Mundo, de Alexandre Machado e Fernanda Young. O seriado é engraçadinho e tem elementos comuns aos roteiros da dupla. No entanto, o formato da série é repetitivo e reproduz várias técnicas já usadas pelos autores em obras anteriores. Nada de original. Ao que parece, a dupla vem tentando resgatar o sucesso de Os Normais, mas não consegue chegar nem perto. Em última análise, suas séries já se tornaram enfadonhas e cansativas. Mais do mesmo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Vale a Pena Conferir: Suburbia.

Dificilmente, o blog se atenta a séries e seriados. No entanto, uma produção da Rede Globo chamou a atenção por sua extrema qualidade: Suburbia, obra dirigida pelo magistral Luiz Fernando Carvalho. Desde o início, o seriado trouxe uma proposta diferente: uma direção que radicalizou o realismo, um roteiro que privilegiou o dinamismo das situações cotidianas, além de atuações bastante marcadas por um naturalismo extremo. Seguindo essas diretrizes, o jogo de câmeras causou, propositadamente, certa identificação com a vida corriqueira: não vemos o mundo com a mesma linearidade e estabilidade das produções ficcionais. Tudo é instável, fragmentado e depende, é claro, do nosso campo de visão. Carvalho, vale dizer, conseguiu passar a mensagem muito bem. O roteiro, a propósito, também seguiu esse caminho. Nada de diálogos com marcações fortes: tudo flertava com o fluxo de improviso. Por fim, cabe elogiar a belíssima atriz que serve de protagonista, Erika Januza. Desde já, percebe-se que ela tem futuro. Ademais, duas coisas devem ser destacadas: a primeira é a participação largamente majoritária de negros no cast da série. Em um país de metade negra, chega a ser assustador que as novelas e os demais produtos televisivos exibam teledramaturgia quase que exclusivamente encenada por gente branca. O negro, infelizmente, é raridade na TV. Mas a história, ainda bem, é diferente em Suburbia. A segunda coisa que merece ser mencionada é a fina crítica social que subsiste nas entrelinhas do seriado: a acadêmica branca e abastada é instruída e estudada, mas não se furta em explorar o trabalho de uma criança negra e fragilizada. Do mesmo modo, o patrão estupra a empregada negra sem nenhum pudor, evidenciando a forte relação de hierarquia que existe, não só entre brancos e afrodescendentes, mas entre homens e mulheres. Enfim, Suburbia mal estreou e já dá sinais de que, assim como Hoje é Dia de Maria, veio para marcar.